12 de fevereiro de 2011

Capítulo Seis - Dois Erros Terríveis

            Erick me olhava desconfiado.
            - Rebecca Belle, aonde você vai?
            - Belle. - eu disse automaticamente. - Só Belle. Eu vou dar uma volta.
            Ele não acreditou. Confesso, não minto muito bem.
            Jamie apareceu ao seu lado. Agora sim eu não conseguiria ir. Jamie me conhecia melhor que eu mesma.
            - Ei, Becca, o que foi? Vai aonde?
            - Belle! Eu já disse para me chamarem só de Belle! E eu vou ficar por aí. Não me espere para o jantar.
            Eu pulei a janela, ignorando as ordens do meu irmão e as perguntas de Jamie.
            - Não vai atrás dele, vampira. Você vai acabar morrendo. - Jamie falou adivinhando o que eu ia fazer.
            - Você não tem como saber disso, demônio. - eu respondi.
            Ele riu. Nós costumávamos implicar uns com outros assim, nos chamávamos da aberração que mais odiávamos. Para mim, os vampiros eram os piores de todos pois tudo neles lhe enganavam.           Eles eram lindos, tinham um aroma maravilhoso e uma voz aveludada, mas eram frios e só o que importava para eles era o sangue. Jamie achava os demônios piores porque eles te possuíam e te torturavam por dentro, mexiam com a sua mente e quando a diversão acabasse, eles te matavam. Mas como eram mais fáceis de matar, eu não concordava com ele.
            Eu balancei a cabeça, afastando as lembranças.
            - Não me sigam. Isso não será bom para nenhum de nós. - eu falei antes de correr para a floresta.
            Corri sem saber para onde ia. Só queria ir para o mais longe daquela casa, das lembranças da minha mãe e de quando tudo era normal - tão normal quanto se é possível quando você passa a vida inteira matando aberrações. Nenhum dos dois me seguiu - não senti a alma deles. Acho que levaram meu aviso a sério. Deviam mesmo, eu não estava brincando quando disse que não seria bom para nós.
            Não sei por quanto tempo eu corri, só sei que já estava longe o suficiente da minha casa. Eu parei e me apoiei numa árvore, ofegando. Meu coração batia tão alto que eu demorei para ouvir um som que não deveria existir no meio da floresta. Alguém estava chorando.
            Não usei minhas habilidades, só fui até a origem do som o mais silenciosamente possível. Era um garoto. Devia ter a minha idade ou um pouco mais. Mas não foi isso que me chamou a atenção. Foi a cor pálida e o jeito como o ar tremulava ao seu redor. Reconheci imediatamente: era um fantasma.
            Fantasmas só ficavam nesse mundo porque tinham algo inacabado. Uma das nossas funções era ajudá-los a passar para o outro lado. Não os feríamos, apenas conversávamos com eles. Ah, claro que tinham alguns que se recusavam a ir embora, então precisávamos forçá-los a isso. Ok, na verdade nós os matávamos outra vez (Sim, isso é possível)
            - Ei? Tudo bem? Eu posso ajudá-lo. - eu disse.
            - Estou morto. Ninguém pode me ajudar. - ele respondeu friamente embora ainda chorasse.
            Nesse momento, fiz algo que nunca fiz em toda a minha vida: sentei ao lado dele e me apresentei.
            - Sou Belle e você?
            O fantasma demorou para responder.
            - Trevor.
            - Então, Trevor, o que aconteceu? Por que você morreu?
            Eu podia ter sido um pouco mais delicada, mas eu tinha acabado de ver minha mãe morrer e lutar com um monstro horrível. Não estava no clima para ajudar um fantasma.
            - Um monstro me matou, a mim e a minha namorada. Ela era uma vampira, eu apenas humano.
            - Por isso você está chorando? Por ela? - eu ignorei o fato dele namorar um demônio sem alma.
            Ele assentiu.
            - Que monstro te matou? - eu perguntei sentindo um arrepio estranho.
            - Não sei, nunca vi na vida. Espera, você disse que seu nome era Belle?
            Quando ele fez a pergunta eu vi que tinha cometido um erro terrível. Quebrei uma das regras principais: nunca dizer seu nome.
            - Por que a pergunta?
            - Você é uma Caçadora! - ele exclamou se afastando de mim. - Uma Belle, a filha daquela Caçadora metida a besta.
            - Não fale assim da minha mãe! - eu gritei, mas me arrependi assim que disse as palavras. Tinha confirmado.
            O fantasma riu, seus olhos ficando vermelhos.
            - Isso é muito bom. Finalmente terei a minha vingança.
            Quando ele riu outra vez, o ar tremulou ao seu redor de um jeito sinistro. Merda, eu xingei. Eu discordava dele. Isso é ruim, muito ruim.

Um comentário:

  1. olá, eu aceito a parceria que propos, só peço que espere um pouco até eu ler alguns capítulos a mais, para conhecer melhor a história e os personagens,bom, se você quiser pode deixar algum contato la no meu blog para trocarmos uma idéia sobre isso, bom....se quiser :p

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